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O retorno da categoria profissional no Ironman Brasil: um recomeço necessário.


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O retorno da categoria profissional em todas as provas do IRONMAN Brasil marca um momento especial para o triathlon nacional, agora reforçado pela parceria entre a Unlimited Sports e o Instituto Arjon. Esse acordo destinará cerca de R$ 4,5 milhões nos próximos cinco anos, incluindo R$ 850 mil anuais exclusivamente para a premiação da categoria Elite em seis provas do circuito. Além disso, um plano estratégico será implementado, com foco no desenvolvimento contínuo dos atletas profissionais por meio de capacitações, ações sociais e ambientais, contribuindo para o crescimento da modalidade no Brasil.


O retorno da categoria profissional em todas as provas da marca Ironman aqui no Brasil é um momento especial para o triathlon nacional. Depois de anos difíceis, especialmente durante a pandemia, é um alívio ver os atletas profissionais retomando o espaço que lhes é de direito. Mas esse retorno também nos convida a refletir sobre as dificuldades que esses atletas enfrentaram – e ainda enfrentam – para se manterem firmes em suas carreiras.


Durante a pandemia, quando todas as provas foram canceladas e o mundo parecia ter parado, muitos triatletas profissionais viveram um verdadeiro teste de resiliência. A incerteza sobre o futuro da modalidade, a falta de competições para validar o esforço diário e o impacto financeiro geraram dúvidas profundas.


Como manter a motivação para treinar quando os objetivos se tornam nebulosos? Como lidar com a ausência de perspectivas claras? Foram anos em que meu trabalho com triatletas se concentrou, mais do que nunca, em ajudá-los a encontrar forças para continuar, mesmo sem saber ao certo quando ou se o esporte voltaria ao normal.


Enquanto isso, vimos o crescimento da visibilidade dos atletas amadores, especialmente aqueles com grande influência nas mídias sociais. Com postagens descontraídas e inspiradoras, eles conquistaram um espaço que contribui para a popularização do esporte, alcançando públicos que talvez nem sempre entendam a diferença entre viver do esporte e praticá-lo como um hobby. 


Não é uma crítica ao mérito desses amadores influenciadores; afinal, eles têm um papel importante ao popularizar o esporte. Mas é preciso reconhecer que a realidade de um atleta profissional vai muito além de sorrisos, super café e treinos filmados ao nascer do sol. Enquanto o amador tem a liberdade de pausar e retomar o esporte conforme sua rotina, o profissional vive sob a pressão constante de resultados, que são determinantes para sua subsistência e continuidade na carreira.


A pressão por resultados para um atleta profissional é imensa. É da performance que vêm patrocínios, reconhecimento e, muitas vezes, a própria subsistência. Um dia ruim pode custar caro, e não há margem para desistir no meio do caminho porque a motivação falhou. São horas exaustivas de treino, muitas vezes em condições extremas, aliadas a um planejamento minucioso que envolve não apenas o corpo, mas também a mente. A vida do triatleta profissional exige um nível de comprometimento excepcional. Cada treino, cada prova, cada decisão carrega um peso significativo. Não há espaço para desistir diante da exaustão ou desmotivação, pois o esporte não é apenas paixão, mas também profissão e sustento. 


Ter ídolos no esporte é fundamental para que modalidades como o triathlon continuem a crescer e a inspirar gerações. E os ídolos geralmente vêm da categoria profissional. São eles que mostram, na essência, o que significa viver o esporte com intensidade máxima – com todas as dificuldades, sacrifícios e, sim, conquistas inesquecíveis. 


Por isso, o retorno da categoria profissional não é apenas um recomeço, mas uma reafirmação do lugar essencial que esses atletas ocupam no triathlon. São eles que personificam a essência do esporte: a luta diária, o sacrifício e a busca incansável pela superação. Que esse novo capítulo reforce a importância de reconhecer e apoiar aqueles que dedicam suas vidas para elevar o triathlon ao seu mais alto nível.



 
 
 

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    ©2021 por Paula Figueira Psicanalista e Psicóloga Esportiva CRP-ES 16/1594

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